O esporte é excelente palco para o surgimento de exemplos de vida. O garoto Carlos Roney, de Fortaleza, é um deles. Mesmo amputado das duas pernas, ele sonha virar jogador de futebol. No último domingo, pôde conhecer o ídolo Rogério Ceni

Em casa, o telefone toca incessantemente. O celular da mãe, também. São jornais, revistas, portais de Internet e emissoras de rádio e televisão atrás de uma entrevista. O POVO é um deles. Afinal, a história de Carlos Roney, 13, é uma ótima pauta. Mas por trás de alguém que virou personagem na mídia depois do último domingo existe um garoto cheio de sonhos. Um deles é ser médico, como ele diz, “porque é bom ajudar as pessoas”.
Ajuda que Roney não recebeu quando pequeno. Com um ano, esmorecido, foi levado ao hospital. A meningite, diagnosticada pelo médico como “uma virose normal”, por pouco não matou o menino. Foram três dias respirando com a ajuda de aparelhos. Por fim, a doença levou-lhe boa parte das duas pernas e sete dedos das mãos.
Na semana passada, o caso de Roney foi contado pelas TVs Cidade e Verdes Mares e ganhou repercussão nacional. O torcedor de São Paulo e Fortaleza chamou a atenção do goleiro Rogério Ceni. No domingo, antes da partida contra o Ceará, pela Série A, o camisa 1 conheceu o fã e bateu bola com o menino para o Castelão inteiro ver. Desde então Roney virou celebridade.
Terapia
Tímido, Roney responde às perguntas com no máximo quatro frases. O olhar é distante, como quem busca as palavras ao longe. “Fiquei muito feliz com o que aconteceu”, lembra ele, que confessou: não é goleiro.
Apesar de ter ficado famoso por ter brincado no gol com o camisa 1 do São Paulo, Roney é atacante. Antes de perder as próteses, há três meses, era na lá frente que ele brincava no campo do Bangu, no Passaré. Além de Ceni, o menino é fã de Messi e Cristiano Ronaldo.
O futebol para Roney é uma terapia. Desde os cinco anos, quando passou a ter noção do problema nas pernas, é jogando bola que ele se sente à vontade. “Quanto tô aqui (no campo) fico mais solto”, diz. “Às vezes as pessoas ficam olhando. Isso é chato”, conta o atacante-goleiro que também imagina, além de ser médico, disputar uma Paraolimpíada.
E-MAIS
> O pai de Carlos Roney, José Onildo, saiu de casa pouco depois que o menino perdeu as pernas. Segunda a mãe, “ele não é muito presente na vida do filho”.
>Mas Francinete Alves garante que Roney gosta do pai e que os dois se dão bem nas poucas visitas que Onildo faz ao filho.
>Roney também tem um problema no coração. Há menos de um mês, o menino sentiu-se mal e foi levado ao hospital.
> “No exame, apareceu um vazamento numa válvula do coração. Mas ele foi liberado para continuar no esporte”, esclarece Francinete.
> No começo de 2011, Roney vai refazer os exames para saber se o problema evoluiu e pode comprometer a saúde (e o futebol) do garoto.
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